COMO TUDO COMEÇOU - CAPÍTULO 4 -

Boa noite.

E que noite hein... fria e chuvosa em Vitória.
Ideal para um bom vinho e para escrever mais um post da saga que venho narrando.

Estamos chegando a meados de 1995...

Mais precisamente, final de julho, término de férias escolares e época propícia para uma boa caminhada a beira mar.
Digasse de passagem, gosto de caminhar de preferência sozinho.
Sou daqueles que precisa da solidão para conversar com as estrelas, com a lua... com o cosmo.
Esta troca de energia, sempre me fez bem.

Vamos lá...

Numa destas caminhadas pela orla da Praia da Costa, minha cabeça fervia com idéias e sonhos. O mundo caminhava frenéticamente com a evolução tecnológica e a cada dia, as coisas novas apareciam em todas as frentes.

Era moda falar em Disk Sexo, Disk Búzios, Disk Horóscopo e por ai a criatividade humana crescia.

Nesta caminhada, me lembro bem, alguma coisa veio a minha cabeça e disse de forma clara e nítida " Marcus crie o DISK CAFÉ ".

Aquilo foi um choque, fiquei surpreso e pensativo.

Daí por diante, a idéia ficou na minha cabeça e eu comecei a pensar como iria operacionalizar a nova situação.

Primeira coisa a fazer, era convencer meu irmão e sócio de que a idéia poderia ser boa. Porém, tinha que fazer tudo dentro do maior sigilo possível.
Não podia permitir que a idéia saísse do meu controle.

O primeiro embate foi até certo ponto fácil, convenci meu irmão.
O segundo, era registrar no INPI.
E o terceiro, era como operacionalizar a operação.

Fui até a Telest, empresa estatal de telefonia do ES, para tentar viabilizar a idéia.
Fui recebido por alguns gerentes que ficaram num primeiro momento sem entender como funcionaria o negócio. Porém, de pronto não colocaram grandes barreiras.

Eu tinha que pensar rápido como iria proceder, já que tempo era dinheiro.
Tantas coisas por pensar...
Como colocar o processo em andamento, como iria atingir o meu público alvo no interior. Eram mais perguntas do que respostas, mas acima de tudo tinha a convicção que daria certo e que venceria mais esta batalha.

Eram quase 40 mil cafeicultores em terras capixabas, totalmente isolados da informação.

Olha, antes de contar como eu fiz, gostaria de explicar o que era o "Disk Café".
A idéia era simples: transferir via telefone, em mensagens gravadas, informações sobre o mercado de café sempre que houvesse uma modificação que justificasse uma nova atualização.
As informações eram as mais diversas possíveis, como cotação do dólar, da bolsa de NY, bolsa de Londres, preços do mercado interno do café. E no final do dia, o meu comentário sobre o mercado.
Isso tudo, a um custo de r$1,00 por chamada.

Bom né...

Nem tanto, se analisarmos os desafios e as brigas que comprei com todo imenso interior que ganhava dinheiro fácil com a falta de informação ao produtor.

Apenas como exemplo:
Os preços do café naquela época eram disponibilizados uma única vez ao dia, a noite, na TV.
Resultado, no dia seguinte todos vendiam suas colheitas com um preço defasado, ou seja, se o mercado subisse no decorre do dia o produtor só saberia a noite, depois que já tivesse vendido seu café ao comerciante do interior.

Já imaginaram o tamanho da surpresas de todos do setor quando o Disk Café realmente começou a funcionar.

ESTOU DIZENDO QUE ISSO OCORREU EM 1995, HÁ QUASE 17 ANOS.

Naquela época não havia internet, smartfones, nem linhas digitais nos telefones fixos e celular era um luxo para poucos.

E aí meus amigos, já sentiram o gostinho desta história que está apenas no começo?

Pois bem, fiquem de prontidão pois no próximo post eu conto como comprei a maior briga de todos os tempos no negócio café,

em prol de uma cafeicultura mais forte, transparente e socialmente justa.

Resumindo:
" Não era cabível trabalharmos num mercado tão competitivo e com um poder de alavancagem financeira imensa, sem ter as devidas transparências. "

Um abraço e até lá
Marcus Magalhães.