O ano de 2012 se inicia com o mercado dos Estados Unidos aberto ao etanol brasileiro. Uma oportunidade
para o nosso país que chegou num momento de crise no setor: as últimas safras de cana foram reduzidas por
problemas climáticos e houve redução do nível de investimentos. Além disso, a produção de açúcar para o
mercado exterior tem sido mais estimulante do que a de álcool.
A capacidade ociosa das usinas está na faixa dos 30%, e estima-se que no Brasil a quantidade de veículos
abastecidos com etanol caiu de 65% para 35%, em apenas dois anos. Importamos álcool dos EUA no ano
passado, e a idade média de nossos canaviais é de 3,7 anos, quando deveria ser 2,7.
Medidas anunciadas ultimamente pelo Governo Federal, como financiamento de estoque de etanol e linha de
crédito de R$ 4 bilhões para incentivar o plantio de cana, são importantes, mas não geram efeitos no curto
prazo. Resultados, somente a partir de 2013 ou 2014. Trata-se uma questão de ciclo da cultura.
A sinalização de uma política pública foi dada, mas o Brasil precisa avançar mais para superar os desafios
e aproveitar as oportunidades do mercado interno e externo, e isso requer um tempo. Os custos de
financiamento do BNDES estão abaixo do mercado, mas acima das expectativas dos produtores. O montante
de crédito anunciado para 2012 deve ser repetido até 2014, para que as lavouras possam ser renovadas.
A desoneração do PIS-COFINS, que é uma realidade para outros produtos do agronegócio, também seria
estimulante para produzirmos mais álcool com menos custo. Precisamos investir também em tecnologias
para a obtenção de álcool celulósico, a partir do bagaço e da palha, e não só do caldo (sacarose). Com isso,
vamos passar a produtividade de 7 mil para 12 mil litros por hectare de cana.
Com planejamento e organização, e políticas de ciclo longo, o Brasil se manterá como líder mundial do mais
abrangente projeto de substituição de energia fóssil por renovável, de todo o planeta.
Enio Bergoli
Secretário de Agricultura do Espírito Santo
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