quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Capitalizados e com produção diversificada, cafeicultores do ES esperam reação de preços

Há cerca de 30 dias, os produtores de café do Espírito Santo reduziram significativamente as negociações do grão, assim como os de Minas Gerais. Seguros com a boa capitalização conquistada nas últimas safras, os cafeicultores capixabas preferiram reter as vendas por acreditar que o quadro de fundamentos atual não dá margem para preços tão enxutos como os que estão sendo praticados nas bolsas de Nova York e Londres, referências globais para a formação de preços do café. “A sensação é que estamos em férias coletivas”, avaliou Marcus Magalhães, da Maros Corretora, de Vitória (ES). Estima-se que entre 45% e 50% da safra 2012/13 de café do Espírito Santo já tenha sido comercializada. As cotações do café robusta (responsável por cerca de 80% do grão produzido no Estado) oscilam atualmente entre R$ 255 e R$ 260 a saca, enquanto a do arábica bebida dura, entre R$ 310 e R$ 315 por saca. Diferente dos vizinhos mineiros, que produzem muito com vistas à exportação, os capixabas têm se focado no abastecimento interno nos últimos dois anos. “O preço do robusta está melhor no mercado interno que no externo. O motivo é que, com a recente melhora da qualidade do grão, as torrefadoras nacionais têm aumentado os blends com robusta, que é mais em conta que a variedade arábica”, afirma Magalhães. Segundo o corretor, especuladores têm alardeado “falsas premissas” sobre a produção mundial da commodity, o que acabou por pressionar as cotações no mercado internacional nos últimos meses. “O que se tem dito por aí é que teremos supersafras, o que é uma falácia, porque há uma total imprevisibilidade climática. O fato é que o cafeicultor brasileiro de hoje não é desinformado e descapitalizado como era há algumas décadas. Assustá-lo prevendo o caos não funciona mais”, diz. No caso dos produtores do Espírito Santo, há ainda outro diferencial, em relação aos demais cafeicultores do país. Eles diversificaram a produção e não são mais reféns da cultura — a maioria tem gado de corte e leite, fruticultura, e até produção de madeira. Na avaliação de Magalhães, o mercado de café tende a uma manutenção de preços e, se houver uma melhora nas bolsas ou as indústrias nacionais precisarem elevar as comprar no primeiro trimestre de 2013 — o que fatalmente deve acontecer — a expectativa é que haja uma reação nas cotações. “E aí, ou o comprador paga um preço melhor ou o café não sai do interior”, conclui o corretor. As lavouras capixabas da safra 2013/14 apresentam uma boa florada, sem nenhum estresse climático. A expectativa de Magalhães é de que o Estado tenha colheita semelhante a do ciclo anterior, com cerca de 9 milhões de sacas de robusta e de 2,5 a 3 milhões de sacas de arábica.

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